EMOÇÕES E ALIMENTAÇÃO SUSTENTÁVEL!

Não me considero uma pessoa fundamentalista. Gosto da mistura de conceitos, de passar por experiências “fora da caixa” e de testar o novo e o desconhecido. Contudo, há medida que os anos passam, vejo os meus valores de base cada vez mais sustentados e essa sustentação dá-me segurança e força. São esses valores que me ajudaram a definir o meu ideal de vida e nesse ideal de vida, a sustentabilidade no seu todo é um pilar muito forte para mim.

A forma como organizo os meus dias, a minha agenda, os hobbies que escolho, as horas de descanso ou vigília, as minhas amizades e contactos mais próximos, a gestão do meu dinheiro…. a minha alimentação, tudo assenta neste princípio de sustentabilidade e num conjunto de valores essenciais ao meu equilíbrio pessoal. Afinal, sustentabilidade é a procura pelo suprimento equilibrado das necessidades presentes, sem comprometer as necessidades do futuro e este conceito está presente em cada decisão que tomo. É um conceito que implica saber em profundidade quais as minhas necessidades atuais e quais poderão a vir a ser de futuro. É um conceito que implica uma escuta interna ativa.

Se estes valores funcionarão para toda a gente? Não. Se o meu ideal de vida é o melhor e mais saudável? Não. Se a forma como sinto, penso ou atuo é a recomendada para todos? Não. O que aqui quero partilhar, é a necessidade de haver um ideal de vida e a sustentação de valores de base que dão força, vitalidade e segurança a todas as áreas da nossa vida. 

Mas voltando ao tema que aqui me trás: Emoções e Alimentação Sustentável.

Neste tópico da alimentação eu procuro escutar o meu corpo e perceber quais as necessidades reais do momento. E para enquadrar o momento eu faço uma análise pormenorizada ao meu dia-a-dia. Mas não me fico só por aqui. Procuro ajuda de profissionais da área, que tendo mais conhecimento e experiência do que eu, me sabem orientar nesta que é a minha procura por um equilíbrio sustentado e que grande impacto tem ao nível das emoções.

O meu corpo pede-me por mais atividade física? O que pode mudar na minha alimentação para acompanhar o ritmo? O meu corpo pede-me para estar em modo hibernar? O que posso fazer com a minha alimentação para me ajustar a uma diminuição de gasto de energia? Ando com o sono desregulado? Como pode a minha alimentação ajudar? É nesta autoconsciencialização que o tal desenvolvimento sustentável enquanto pessoa acontece. A sustentação das emoções, com a mente e o corpo. 

Eu adoro comer e adoro cozinhar. Gosto de todo o ritual que envolve a preparação de uma refeição, seja só para mim ou para um grupo de pessoas. O prazer que me dá alimenta-me a alma. Gosto de escolher cuidadosamente o que colocar na mesa e embora na seja fundamentalista e as excepções façam parte da vida, a escolha por produtos processados e/ou carregados de açúcar refinado, são cada vez mais uma raridade. E sabem, não sinto de todo que isso comprometa o prazer que me dá em comer ou preparar uma refeição.

Gosto de saber o que como e o efeito que possa ter. E mesmo quando como alguma coisa que já sei que não é a melhor opção, permito-me a isso com a consciência de que as próximas escolhas alimentares irão compensar tudo e manter a balança no patamar da sustentabilidade.

Desde os meus 13 anos que entrei em maior profundidade neste mundo dos alimentos. Fui tirar um curso de culinária que me levou numa experiência incrível durante um ano. Aprendi a cozinhar muito cedo, bem antes dos 13 e sempre incentivada pela minha mãe. Aos 13 aprimorei o gosto, aos 14 vi o lado mais negro do que o controlo absoluto pelo que se come pode provocar ao nosso corpo e aos 17 decidi que a minha mente teria de aprender a sustentar as oscilações emocionais provocadas por esse desregulado autocontrole alimentar. Foi então que me inscrevi na Licenciatura de Psicologia, por mim mesma. 

A verdade, é que enquanto escrevo este texto, percebo que a ligação entre a alimentação, as emoções e a mente fazem parte do meu caminho desde tenra idade. E olhando a tudo o que já aconteceu, às superações, conquistas e conhecimento adquirido, deixa-me com um sentido de orgulho pelo caminho percorrido. E um sentido de orgulho por estes valores que sustentam o meu ideal de vida.

Aos 17 anos dizia que para além de psicologia, seguir nutrição era a minha segunda paixão. Estou muito feliz com a decisão que tomei, e mais feliz por ter mantido sempre este meu interesse pela área da nutrição e a sua relação com o bem-estar biopsicoemocional. Sempre li muito sobre o assunto e sempre recorri a outros profissionais para me ensinarem mais. 

Neste meu ideal de vida, não dispenso os produtos frescos, da época, o açúcar refinado já não entra cá em casa (pelo menos na sua forma visível), as farinhas “brancas” tiram férias com grande frequência e grande parte do orçamento é destinado a frutas e vegetais. Não como carne vermelha desde os 14 (por opção) e carne branca apenas umas duas vezes por semana. Adoro peixe, mas pela Dinamarca a variedade não é muita e por isso o meu lado mais criativo na cozinha foi desafiado nos últimos anos. Não dispenso dar tempo ao meu corpo para processar tudo o que é ingerido e por isso sou fã do jejum intermitente. Sem regras e sem obrigações. Escutando apenas o que vou sentindo ser necessário. 

A minha agenda de trabalho anda muito à volta dos horários das minhas refeições: não dispenso o pequeno almoço. Faz parte do meu ritual da manhã e onde reforço todos os meus fatores de proteção: da mente, do corpo, do coração e da alma. Não abdico do jantar com a minha família e por isso o meu horário de trabalho não se estende para lá das 16.00. O almoço não tem grande relevância, até porque aproveito para trabalhar. Contudo, sabendo que é importante para o meu equilíbrio, opto por refeições rápidas, ligeiras mas nutritivas. Sopas, batidos naturais, sandwiches saudáveis fazem parte dos meus dias.

Já procurei soluções mais rápidas, mas estes meus valores fizeram-me perceber que a curto prazo essas soluções me iriam criar um conflito interno. Percebi que ser rápido não pode chocar com o ser o mais natural possível. E por isso, voltei a ter de me reorganizar. A preparar algumas refeições de véspera e a reforçar nutricionalmente as refeições a que dedico mais tempo.

Talvez agora já seja mais fácil, para si que acompanha o meu trabalho e as minhas publicações, perceber o porquê de dedicar algum tempo à partilha de informação sobre a relação das emoções com a alimentação. 

E sobre este assunto, posso dizer-lhe que mais está por vir e estou muito feliz com isso.

Lembro-lhe, que nada do que partilhei que funciona comigo, deve ser visto como uma fórmula mágica para si. Funciona para mim, sei que pode funcionar para muitas outras pessoas, mas também sei que para tantas outras não faz sentido nenhum. E está tudo certo!

O principal é que encontre o seu ideal de vida, escute o seu corpo e recorra a ajuda profissional e certificada sempre que necessário.

Agora pergunte-se: Qual o meu ideal de vida?

Marta Rodrigues 

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