COMO AS EMOÇÕES PODEM INFLUENCIAR A ATIVIDADE FÍSICA!

Há pouco mais de dois meses re-iniciei a prática de atividade física. Ainda que tenha um estilo de vida que me mantém ativa diariamente, a verdade é que estava há quase cinco anos sem fazer exercício físico de forma consistente. Situação que aliada ao facto de trabalhar sentada, me fez começar a sentir as consequências de uma má postura e o cansaço em tarefas de menor exigência.

Tomar a decisão de recomeçar os treinos foi o mais fácil. O mais desafiante foi a gestão das minhas próprias expectativas. Sabia que a criação deste hábito me ia pedir disciplina e, acima de tudo, que não o visse como um hábito isolado mas como um hábito integrado no meu estilo de vida. Há muitos anos que tenho práticas diárias que considero saudáveis, embora, em alguns momentos me desvie das mesmas por prioridades ou distrações que vão surgindo. Para fomentar a motivação certa, escolhi focar-me nas sensações de bem-estar e vitalidade, ao invés de me focar nas alterações do meu corpo. Porquê? Primeiro porque é mesmo o meu bem-estar, a minha postura e a melhoria da parte cardiovascular que me motivou. Depois, porque na criação de qualquer hábito, focarmo-nos nas sensações que sentimos de imediato é sempre a melhor escolha. Quando nos prendemos às alterações físicas a frustração pode apoderar-se de nós, porque passamos a contar com algo que não controlamos diretamente. Por exemplo, se ao invés de me focar no bem-estar que sinto quando acabo um treino, me focasse no aumento da massa muscular nas minhas pernas, teria de esperar muito mais tempo para que isso fosse visível. Poderia até desistir numa fase inicial. Poderia ficar desiludida com o meu próprio corpo por não “reagir” conforme a minha expectativa ou desejo…

O conselho que deixo?

Estejamos a falar de exercício físico ou não, aquando da criação de um novo hábito, este deve ser visto como parte integrante do estilo de vida por nós adotado. Em paralelo, devemos de nos focar nas sensações de bem-estar mais imediatas que vamos tendo. São elas que nos alimentam internamente e que se transformam em motivação interna.

Escolher a motivação certa para a prática do exercício físico é determinante. A nossa saúde e bem-estar deve ser sempre o motivo principal que nos leva à ação. As alterações físicas, serão um complemento. Se não gosta de si ou do seu corpo, começar apenas pela prática de exercício físico não será suficiente. Nesse caso, aconselho que também procure acompanhamento psicológico. Se o seu peso for a sua maior preocupação, lembre-se de acrescentar o acompanhamento nutricional por um profissional da área.

Mas hoje quero partilhar algo mais pessoal consigo, na esperança que possa ajudar, conforme a mim me ajudou há uns anos atrás.

Como estava a dizer no início, já passei os dois meses de treino com a Maria João Oliveira, a Treinadora Pessoal que escolhi para me orientar na prática de exercício físico.

Posso garantir que estou bem mais resistente fisicamente. Isso é notório nos treinos e muito evidente no meu dia-a-dia. Em termos cardiovasculares, as mudanças deixaram-me radiante. Em pouco tempo, fazendo o controlo do meu batimento cardíaco, percebi bem o impacto positivo que o exercício me estava a proporcionar. Com as sugestões da Maria, também tomei consciência do que poderia fazer para manter uma postura correta, mesmo quando me encontro sentada. As dores de cabeça que vinha a sentir com regularidade, provocadas pela tensão muscular acumulada pela má postura, desapareceram em poucos dias. Optei por treinar de manhã bem cedo, e sinto que ganho mais energia para todas as minhas rotinas do dia-a-dia.

Claro que há alturas mais difíceis e claro que há dias em que me apetece menos. Mas é este estilo de vida que quero manter e isso mantém-me com o foco certo.

Querem saber agora qual a minha frustração?

Bem, lidar com essa frustração sempre foi importante para mim, porque é algo que me acontece de cada vez que inicio a prática de exercício físico com maior regularidade. Mas também sei, que a criação de novos hábitos, ou a recuperação de hábitos antigos, acarreta, quase sempre, outros desafios e algumas frustrações.

Fazendo um enquadramento:

Desde os 13 anos sou acompanhada por um médico de medicina interna. Motivo? Má circulação e retenção de líquidos. Desde cedo, para evitar a medicação recomendada, criei hábitos mais saudáveis que ajudam a evitar que estes dois problemas se agravem. 

Estas duas situações são o alimento básico da malfadada celulite. Com a qual tive de aprender a lidar desde muito cedo. Nem sempre é muito visível mas requer alguma disciplina da minha parte. (Disciplina que por vezes não existe). Aprendi a aceitá-la e a aceitar o meu corpo com mais ou menos celulite. Contudo, sendo uma coisa que não me agrada em particular, procurei continuar a adotar práticas que me ajudam a sentir ainda melhor comigo mesma.

 
Aceitar o nosso corpo como ele é não significa que não devemos melhorar o que nos incomoda.

O que tem isto a ver com o exercício físico?

Pessoalmente, escolhi a conjugação de atividade aeróbica e anaeróbica para atingir os meus objetivos pessoais. A atividade aeróbica para melhorar em termos cardiovasculares, e a atividade anaeróbica para melhorar postura e ganhar resistência física. Aqui estou a falar de treino de força.

Sempre adorei exercícios de força porque preciso de sentir que estou a libertar energia. Aos 14 anos comecei a praticar musculação e durante mais de 10 anos fi-lo com regularidade. A partir daí fui tendo recomeços e paragens, de acordo com a disponibilidade de tempo que tinha. 

Bem, o que me acontece é que sempre que recomeço a praticar exercícios de força (exercícios com peso), que nos primeiros meses percebo que a minha celulite fica mais visível e as minhas pernas andam quase sempre inchadas, dando a sensação de estar mais gorda. Há dias em que se torna mesmo numa grande frustração e confesso, que se o meu objetivo inicial fosse perder peso ou eliminar celulite, por esta altura já tinha desistido.

Diariamente, nesta fase, relembro-me que o ganho está na resistência do meu corpo e na melhoria da minha saúde. O bem-estar que sinto desde a primeira semana é a minha principal motivação para continuar. 

Mas sabem porque é que isto me acontece? Ou melhor, sabem porque é que a prática de musculação ou outro tipo de atividades de força pode levar a que a celulite fique mais visível?

Quando praticamos musculação e exercícios de força, há uma acumulação de ácido láctico e outras toxinas a nível muscular e no tecido cutâneo. Também é comum o inchaço que se sente durante e no fim dos treinos. Como eu tenho má circulação e faço retenção de líquidos, o quadro agrava-se e até o meu corpo se adaptar, a sensação que tenho não é a mais agradável. Gerir a frustração e o desânimo que ainda sinto em alguns dias é a minha prioridade agora.

Comecei a ver a minha celulite mais evidente após o primeiro mês de exercício.  A verdade é que os músculos das pernas ficaram mais evidentes e a celulite passou a ser comprimida em direção à pele, tornando-se mais visível. 

Sei e tenho já experiência pessoal, que com o tempo terei melhorias a este nível, mas queria partilhar um pouco desta minha frustração. Nem tudo é como gostaríamos. E mais uma vez repito: com a motivação e o foco certos, mais maior ou menor dificuldade, mantém-nos no caminho certo.

A saúde que se ganha e o bem-estar associado devem ser os motivos principais da prática de exercício físico. As mudanças no nosso corpo são importantes mas não devemos estar dependentes delas para gostarmos de nós mesmos!

Aceite-se tal como é: com mais ou menos celulite, com mais ou menos quilos, com uma ou outra estrutura física. E sem criar dependências ou entrar em fundamentalismos, trace um plano e crie um motivo para agir que o(a) faça atingir o seu objetivo, melhorando a sua saúde ao mesmo tempo em que aumenta a sua auto-estima porque fisicamente vai estar ainda mais satisfeito(a) com o seu corpo.

Qual o lema?

ACEITAR PARA MELHORAR!
 
Marta Pica Rodrigues

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